Após um intenso debate nas redes sociais sobre a PEC da Jornada de Trabalho 6×1, que visa modificar a escala de trabalho, o governo Lula adota uma postura cuidadosa. Enquanto há pressão crescente da base aliada para que o Planalto manifeste apoio à proposta, o governo federal parece preferir uma abordagem mais calculada, focada em construir consensos entre trabalhadores e empregadores antes de qualquer posição oficial.
De acordo com informações de fontes próximas ao presidente, Lula está relutante em “entrar de cabeça” no tema, principalmente por entender que mudanças nas normas trabalhistas necessitam de um ambiente de diálogo aberto. “É importante ouvir as vozes de quem faz a economia girar: de um lado, os trabalhadores que mantêm o país de pé e, de outro, os empregadores que sustentam postos de trabalho. Sem esse diálogo, não há como avançar em um modelo que seja verdadeiramente justo para todos”, destacou um assessor do governo.
No entanto, a pressão da base progressista no Congresso é evidente. Parlamentares alinhados aos direitos dos trabalhadores, como a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que apresentou a PEC, destacam que a flexibilização da jornada de trabalho seria um avanço na qualidade de vida dos trabalhadores, promovendo saúde mental e melhores condições de trabalho.
Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, utilizou suas redes para expressar que está acompanhando de perto o debate. Em sua mensagem, ele ressaltou que o tema demanda um debate plural e profundo, onde todos os setores possam expor suas perspectivas e interesses. Segundo Marinho, é essencial que o governo conduza essa questão de forma equilibrada e responsável, buscando uma solução que promova justiça social sem prejudicar a economia.
Para os setores progressistas, a PEC é uma medida de valorização da dignidade do trabalhador, uma postura que marca um distanciamento claro das políticas neoliberais das gestões anteriores. O tema, contudo, segue em aberto, e resta saber como o governo conciliará as demandas de uma base que pede uma atuação mais assertiva com a necessidade de negociar com o empresariado. Lula parece determinado a não precipitar-se, buscando uma construção que leve em conta os direitos fundamentais dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, a viabilidade econômica do país.